DA REDAÇÃO
Contrariando a expectativa da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), no Brasil houve um aumento significativo dos casos da doença
Em 2001, a sífilis congênita acometia um em cada mil bebês nascidos vivos no Brasil. Em 2015 esse número saltou para 6,5 em mil no Brasil e 12,4 em mil no Rio de Janeiro, o estado mais afetado. A meta da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e do Unicef previa uma redução para 0,5% caso por nascido vivo em 2015.
Porém, o que aconteceu foi um aumento significativo dos casos de sífilis no Brasil. Em nota, o Ministério da Saúde diz que “diversos fatores podem contribuir para o aumento dos casos notificados da doença registrado nos últimos anos, entre eles a melhoria da vigilância e do diagnóstico”. O aumento dos casos é observável em maternidades e serviços pediátricos.
Apesar de ter havido melhora na vigilância e diagnóstico, a estatística favoreceu a elevação dos novos casos desta doença sexualmente transmissível. A sífilis constitui-se num problema complexo. Não há uma causa só, mas um conjunto de fatores. O principal é a falta de assistência médica de qualidade, principalmente no pré-natal.
Há ainda um desnível de classes. Os mais pobres são os mais atingidos porque, muitas vezes, não têm acesso a um pré-natal bem feito. E isso não tem a ver apenas com o número de consultas. Ainda faltam capacitação e atualização dos profissionais de saúde no manejo das DSTs
Os dados oficiais mais recentes, do Boletim Epidemiológico de 2016 do Ministério da Saúde, indicam que, entre 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%, a sífilis em gestantes de 20,9%, e a congênita de 19%. Em 2015, o número total de casos notificados de sífilis adquirida no Brasil foi de 65.878, sendo os homens 60,1% deles.
O ministério lançou em outubro passado uma ação nacional de combate à sífilis junto aos profissionais de saúde. A meta é melhorar a qualidade do pré-natal e do diagnóstico e a precisão das notificações, que são obrigatórias.
Mesmo assim, faltam informação e atendimento básico de qualidade, destaca Carolina Batista, diretora médica para a América Latina da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), uma organização criada pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF), entre outras entidades.
Cada criança com sífilis congênita carrega o peso de variados distúrbios e o estigma de uma doença que não precisaria mais ser motivo de preocupação. Falamos de uma doença para a qual a medicina já encontrou a solução. Mas a sociedade ainda não.